Communication


Hey pessoas! Como estão?
Bom... eu vim aqui avisar vocês que talvez eu fique umas duas ou três semanas sem postar, sabe aquela coisa de mãe que fala que tem que estudar porque as provas não vão estar fáceis e blá blá blá?! Então essa é a  minha mãe e pra piorar ainda tem a minha vó que está em cima de mim também, e o pior, ela era coordenadora e tem todo aquele de negócio de servir como exemplo e essas mer... todas. Haha
Buuuuut... vou tentar portar pelo menos uns três capítulos pra vocês aqui na sexta e no sábado. E aí depois de uma semana eu vou ser toda de vocês hehe 

Respondendo ao comentário da Lifewear
Exatamente!
E o pior é que a pessoa não teve nem a coragem nem de mostrar quem é! Fazer, faz mas aí quando é pra dar a cara pra bater e assumir que fez, não!
Enquanto eu lia o tumblr, eu chorei muito. Juro, nunca pensei que realmente existiam pessoas assim, que não tem amor próprio, e que só se sente satisfeita quando vê que os outros estão "sangrando" literalmente.
E sinceramente, se alguém se sente feliz, e satisfeito por isso deve procurar urgentemente um médio para se tratar, porque isso não é normal, isso é coisa de gente psicopata!


"Don't judge me. You know my name, not my story..."- Demi Lovato FUCK YOU!


Para o mundo que eu quero descer! Sério mesmo agora eu fiquei pu.... da vida com esse tumblr, sério mesmo se  não gosta pelo menos respeita né?! 
Acho que essa pessoa não tem mais o que fazer da vida a não ser falar mal dos outros, com certeza ao invés   dessa pessoa pensar tudo isso mesmo que ela está dizendo nessa MERDA (desculpem por dizer palavrão, mas é verdade) de tumblr, com certeza ela está é se roendo de tanta inveja, por ver que a Demi é a pessoa mais forte que existe, por ver tudo pelo que ela passou e mesmo assim escondeu muitas lágrimas e tristeza atrás de um LINDO e MARAVILHOSO sorriso o qual está entre os mais lindos do MUNDO! 



Está se roendo de inveja ao ver que mais de 7 milhões de pessoas a admiram e a tem como um exemplo de superação, inveja de não ter o orgulho que nós Lovatic's temos pela Demi, por ela ser uma pessoa maravilhosa e forte que ela é, que inspira tantas pessoas a seguir os seus sonhos e não ter vergonha de si mesmo, por ajudar tantas pessoas a passar pelas mesmas coisas que ela passou e mesmo assim enfrentar tudo com o sorriso mais lindo do mundo! Inveja por ela ser eleita uma das pessoas mais sexy's do mundo!


E me deixa muito triste saber que pessoas COMO VOCÊ, irão acabar sozinhas, sem qualquer amigo e sem amor. Talvez até sem o amor que você sente do si mesmo. Pessoas como você, ainda vão aprender muito sobre a vida, e não estou dizendo que VAI ser desse jeito, estou dizendo que TALVEZ vocês vão aprender do pior jeito.
Juro, que nunca pude imaginar que realmente existiam pessoas como você, tão cruéis e ridículas a ponto de descontar a raiva que tem de si mesmos nos outros. Pessoas como você deveriam ter vergonha de si mesmo, por chegar ao ponto de dizer coisas como essas!
Tudo bem, esse pode até ser o SEU ponto de vista, mas não cometa o erro de machucar alguém em que chegue ao ponto de que ela sinta vergonha de si mesmo e não veja motivo para ser forte, porque essa pessoa é você e não ela!
"Seja sempre forte,não como as ondas que se destroem,mas sim como as rochas que tudo suportam." - Demi Lovato






Você pode até pensar tudo isso, mas guarde para si mesmo.
Sei que vivemos em sociedade na qual todos têm o direito de se expressar, mas não expresse o tal pensamento, que chegue a machucar, e acabar com a pessoa a qual você refere-se. 
Seja a Demi ou qualquer outra pessoa, ninguém merece ser humilhado do jeito que você faz, críticas são mais que bem vindas, desde que sejam coerentes e construtivas! E antes de criticar, faça melhor!
"Cortar os pulsos não é idiotice. Idiotice, é você deixar uma pessoa tão mal,  aponto de fazê-la sangrar." - Demi Lovato.
E se ver alguém sangrar te dá prazer. Você precisa procurar URGENTEMENTE um médico, porque meu bem.... isso é sintoma de gente psicopata. 

Por isso pense mais que duas vezes antes de dizer qualquer coisa!
Você vai acabar sozinho e sem ter onde nem ninguém no que se segurar. E nenhum motivo do qual se orgulhar e sentir-se forte.
Só não sei como integrantes do BBB que ficam 3 meses dentro de uma casa, na qual têm duas festas por semana e no final sai com um milhão e meio de reais sem fazer nada, são considerados heróis em quanto pessoas como a Demi passam 3 meses na clínica de reabilitação e contam a sua história para o mundo todo, são consideradas loucas!
É nas músicas e na história dela, que pessoas como eu encontram forças e razões para nos manter fortes  e continuar a enfrentar tudo, mesmo que estejamos escondendo lágrimas por trás de um sorriso.
" Não importa o quão dificil a vida possa ser algumas vezes, se você permanecer forte você vai conseguir vencer'' - Demi Lovato



Homenagem à Demi...




"Era como se não existisse mais o mundo lá fora, nada mais importava há não ser aquele momento, aquela visão que eu estava tendo e não acreditava que tava acontecendo de verdade. É realmente incrível a sensação de ter uma pessoa que você vê só por uma tela de computador tão perto de você, tão perto como você nunca viu antes. Por isso era tão difícil de acreditar, na verdade eu ainda não estou acreditando que vivi esse momento, que eu dividi um momento inesquecível com ELA! Aquela que eu idolatro, apoio e amo com todas as minhas forças. Aquela que me dá o verdadeiro motivo de acordar todo dia de manhã, aquela me faz sorrir com o seu próprio sorriso. Aquela que me faz feliz só por estar feliz. Eu não sabia o que fazer ao olhar. Sorrir, chorar, gritar, cantar... Eu fazia tudo ao mesmo tempo!
Era como uma mistura de sentimentos ali. Posso não ter tido tudo o que eu quis nesse dia, mas o mais importante aconteceu na minha vida: fui a um show dela, vi tão de perto, há centímetros de mim. Tantas coisas aconteceram como ser esmagados, machucados, até chegar a hora de correr. Correr até não aguentar mais, e mesmo assim continuar correndo. Eu já não tinha mais fôlego pra correr, eu não tinha mais saliva, minha língua tava grudando no céu da boca, eu corri tanto, mais tanto, que eu já não era capaz de sentir minhas pernas. Conseguir chegar lá, e depois de horas sendo esmagados ela apareceu, e o que estava sendo o pior dia de nossas vidas se transformou magicamente no melhor. Em um piscar de olhos o pesadelo virou sonho e tudo, TUDO valeu a pena. Só quem já sentiu isso sabe como é... Você passar tanto tempo vendo seu ídolo através de fotos e vídeos que quando você finalmente vê pessoalmente, se torna uma coisa surreal. O que eu senti quando ela entrou no palco foi algo indescritível, na verdade nem sei se o que eu senti tem nome, só sei que foi maravilhoso, e eu lembrarei pra sempre.
Mas tudo, tudo mesmo, valeu a pena. Por eu ter ficado tão pertinho dela, tão perto como eu nunca imaginei estar, ainda mais depois de todo o sufoco que foi para chegar até aquela bendita grade! Todo o esforço foi recompensado com esse show incrível que todos nós, todos os fãs e Demi e sua banda, fizemos. Eu faria tudo de novo se fosse preciso, desde o dia da compra do ingresso até o grande dia. É tão boa essa sensação de dever cumprido, de ter um sonho realizado agora! Eu que pedi tanto a Deus para que isso acontecesse um dia, para eu poder contar para meus filhos, netos, bisnetos que quando você tem um sonho, você tem que lutar por ele até o fim... Eu aprendi isso com ela, com a minha inspiração de todos os dias: Demetria Devonne Lovato. Hoje eu posso dizer com toda a certeza, bater no peito e dizer que EU TENHO UM SONHO REALIZADO!
Honestamente não há como não te amar, como não te querer por perto, como não te ter dentro do meu coração. Tentar te esquecer é completamente em vão, e quanto mais falam mal de você, mais você ganha força para invadir totalmente a minha vida.
E eu não posso ver você triste, que eu fico triste também. Eu te amo desdesempre, e tenho certeza de que eu vou te amar para SEMPRE!
Minha vida se resume a você. Você consegue me fazer rir até nos dias mais tristes da minha vida, não tem UM centímetro de todo o meu mundo que eu não deva a você!"

Chapter two.





Depois da escola secundária, planejava ir para a Universidade da Carolina do Norte em Chapel HilI. O meu pai queria que eu fosse para Harvard ou Princeton, como os filhos de outros congressistas, mas com as minhas notas isso era impossível. Não que eu fosse um mau aluno. Simplesmente, não me concentrava nos estudos e as minhas notas não estavam bem à altura daquelas instituições de elite. Quando cheguei ao último ano de escola secundária era ainda bastante incerto se iria sequer ser aceite na UNC. No entanto, tratava-se da universidade onde meu pai estudou, um lugar onde ele podia mexer alguns pauzinhos. Durante um dos seus poucos fins de semana em casa, o meu pai surgiu com um plano que me daria hipóteses de ser admitido. A primeira semana de aulas tinha chegado ao fim, e estávamos sentados à mesa jantando. Ele ia ficar em casa durante três dias por ser o fim de semana do Dia do Trabalhador.
- Acho que devia candidatar-se a presidente da associação de estudantes - disse ele. – Vai acabar a escola em junho, e penso que ficaria bem no teu currículo. A propósito, a tua mãe é da mesma opinião.
A minha mãe acenou afirmativamente com a cabeça enquanto mastigava. Não falava muito quando o meu pai tinha a palavra, mas piscava o olho para mim de vez em quando. Às vezes, penso que a minha mãe gostava de me ver encolher de medo na frente do meu pai, apesar de ser amorosa.
- Acho que não teria qualquer hipótese de ganhar - disse eu. Embora fosse, provavelmente, o garoto mais rico da escola, não era de maneira alguma o mais popular. Essa honra pertencia a Eric Hunter, o meu melhor amigo. Ele conseguia atirar uma bola de basebol a quase cento e cinquenta quilômetros por hora e conduzira a equipa de futebol a títulos estaduais consecutivos como o seu quarter-back favorito. Era um garanhão. Até o seu nome tinha um som impecável.
- Claro que pode ganhar - retorquiu o meu pai rapidamente.    - Nós, os Carter, ganhamos sempre.
Essa era outra das razões pelas quais não gostava de passar muito tempo com o meu pai. Durante as poucas vezes em que estava em casa, penso que o que ele queria era moldar-me numa pequena versão de si mesmo. Como fui criado a maior parte do tempo longe dele, comecei a ficar irritado com a sua presença. Aquela era a primeira conversa que tínhamos há várias semanas. Raramente falava comigo ao telefone.
-Mas, e se eu não quiser?
O meu pai pousou o garfo, com um pouco de costeleta de porco ainda na ponta. Fitou-me com um ar bravo, examinando-me de cima a baixo. Vestia um terno, apesar de estarem quase trinta graus dentro de casa, e isso tornava-o ainda mais intimidante. A propósito, o meu pai sempre andava de terno.
- Eu acho - disse ele devagar - que seria uma boa ideia.
Eu sabia que quando ele falava daquela maneira o assunto estava resolvido. Era assim que as coisas funcionavam na minha família. A palavra do meu pai era lei. Mas a verdade era que mesmo depois de concordar, eu continuava não querendo fazer. Não queria perder a minha tarde me encontrando com professores depois das aulas! Todas as semanas durante o resto do ano, tentando inventar temas para os bailes da escola ou a decidir de que cor seriam as toalhas de mesa. Na verdade, era só isso que os presidentes da associação faziam, pelo menos no tempo em que eu andava na escola. Os estudantes não tinham qualquer poder para, de fato, tomarem decisões sobre alguma coisa importante.
Mas mais uma vez sabia que o meu pai tinha uma certa razão. Se eu quisesse ir para a UNC, tinha de fazer alguma coisa. Não jogava futebol, nem basquetebol, não tocava qualquer instrumento, não pertencia ao clube de xadrez ou ao clube de boliche ou a qualquer outro. Não era brilhante na sala de aulas, raio, não era brilhante em quase nada! Começando a ficar desanimado, fiz uma lista do que sabia realmente fazer mas, para ser franco, não havia muita coisa. Podia fazer oito diferentes tipos de nós, podia andar descalço no asfalto quente mais tempo do que qualquer pessoa que conhecia, podia equilibrar um lápis verticalmente sobre o dedo durante trinta segundos... Mas não achava que qualquer dessas coisas pudesse realmente impressionar na candidatura a uma universidade. Então fiquei ali, deitado na cama a noite inteira, chegando lentamente à decepcionante conclusão de que era um “looser”. Obrigado pai.
Na manhã seguinte, fui ao escritório do diretor e acrescentei o meu nome à lista de candidatos. Havia dois outros concorrentes - John Foteman e Maggie Brown. Ora bem, John não tinha qualquer hipótese, disso tive logo a certeza. Era daqueles rapazes que tirava fios das nossas roupas enquanto falava conosco. Mas era bom aluno. Sentava-se na fila da frente e levantava a mão sempre que o professor fazia uma pergunta. Se fosse chamado a responder, dava quase sempre a resposta certa e virava a cabeça de um lado para o outro com um ar convencido no rosto, como que a provar a superioridade da sua inteligência quando comparada à dos outros plebeus na sala. Eric e eu costumávamos atira bolinhas de papel mastigado nele, quando o professor virava as costas.
Maggie Brown era outra história. Também era boa aluna. Já fez parte do conselho de estudantes durante os primeiros três anos e tinha sido vice-presidente da associação no ano anterior. O seu único verdadeiro contra era não ser muito atraente, e tinha engordado quase dez quilos naquele Verão. Eu sabia que nem um único rapaz votaria nela.
Depois de estudar a concorrência, percebi que, afinal, poderia ter uma hipótese. Todo o meu futuro estava em jogo, por isso formulei a minha estratégia. Eric foi o primeiro a concordar.
- Claro, vou fazer com que todos na equipa votem em você, não há problema. Se é isso mesmo que querer.
- E que tal as namoradas deles também? - perguntei.
Toda a minha campanha se resumiu basicamente a isso. Claro, fui aos debates a que devia ir e distribui aqueles estúpidos panfletos "O que farei se for eleito presidente", mas, na verdade, foi Eric Hunter quem me colocou onde era preciso chegar. A Escola Secundária de Beaufort tinha apenas quatrocentos alunos, pelo que conseguir os votos dos atletas era essencial, e a maior parte deles pouco se importava em quem votava. No fim, acabou tudo por correr tal como eu planejei.
Fui eleito presidente da associação de estudantes com uma maioria bastante significativa de votos. Não fazi ideia dos problemas a que isso me iria conduzir.

No penúltimo ano da escola secundária tive uma namorada chamada Ashley Greene. Foi a meu primeiro namoro sério, apesar de o namoro ter durado apenas alguns meses. Mesmo antes de a escola fechar para as férias do Verão, trocou-me por um garoto chamado Reeve Carney que tinha vinte anos e trabalhava como mecânico na oficina do pai. O seu principal atributo, era um carro. Usava sempre uma camisa branca com um maço de Black enfiado na manga e encostava-se ao capô do seu Thunderbird olhando de um lado para o outro a dizer coisas como "Oi, gatinha." sempre que passava uma mulher. Era um verdadeiro galinha.
Bem, o baile de regresso às aulas aproximava-se e, por causa dessa história da Ashley, ainda não tinha arranjado um par. Todos os membros do conselho de estudantes tinham que ir era obrigatório. Tinha que ajudar a decorar o ginásio e a limpá-lo no dia seguinte e, além disso, normalmente sempre nos divertíamos bastante. Telefonei a duas meninas que conhecia, mas já tinham par. Então telefonei a mais algumas. Também já estavam comprometidas. Na última semana antes do baile, as escolhas já eram poucas. Restavam-me aquelas meninas que usavam óculos de lentes grossas e que falavam com a língua presa. De qualquer maneira, Beaufort nunca fora um ninho de beldades, mas, ainda assim, tinha de encontrar alguém. Não queria ir ao baile sem par, o que é que isso iria parecer? Seria o único presidente da associação de estudantes na história a ir sozinho ao baile de regresso às aulas. Acabaria tendo que servir o ponche a noite inteira ou a limpar o vomitado nos banheiros. Era isso o que as pessoas sem par normalmente faziam.
Quase a entrar em pânico, fui buscar o anuário escolar do ano anterior e comecei a folhear as páginas uma a uma à procura de alguém que talvez pudesse não ter parceiro. Primeiro examinei as páginas com as alunas do último ano. Embora muitas delas tivessem ido para a universidade, algumas ainda permaneciam na cidade. Apesar de achar que não tinha grandes hipóteses, telefonei-lhes e, claro, isso se comprovou. Não consegui encontrar ninguém, pelo menos ninguém que quisesse ir comigo. A minha mãe sabia o que se estava passando, por fim, veio ao meu quarto, sentando-se na cama a meu lado.
- Se não conseguir arranjar um par, terei muito prazer em ir com você - disse.
- Obrigado, mãe - respondi, abatido.
Quando ela saiu do quarto, senti-me ainda pior do que antes. Até a minha mãe pensava que eu não iria conseguir encontrar alguém. E se aparecesse no baile com ela? Não, nem que vivesse cem anos, nunca iria ultrapassar isso.
A propósito, havia outro rapaz no mesmo barco. Carey Dennison tinha sido eleito tesoureiro e também ainda não tinha par. Carey era daqueles rapazes com quem ninguém queria estar, e a única razão por que tinha sido eleito fora porque concorrera sozinho. Mesmo assim, penso que ganhou por muito poucos votos. Tocava trombeta na banda da escola, e o seu corpo parecia completamente desproporcional, como se tivesse parado de crescer a meio da puberdade. Tinha uma barriga enorme e braços e pernas desengonçados, como os Hoos em Hooville. Também tinha uma maneira de falar esganiçada - era o que fazia dele um tocador de trombeta tão bom, suponho - e estava sempre fazendo perguntas. "Onde você foi no fim de semana passado? Foi divertido? Conheceu alguma menina?" Nem sequer esperava pela resposta, movendo-se constantemente de um lado para o outro enquanto fazia as perguntas, de modo que tínhamos de estar sempre a girar a cabeça para o manter à vista. Juro que deve ter sido a pessoa mais chata que já conheci. Se eu não arranjasse uma parceira, ele ia ficar ao meu lado a noite inteira, bombardeando-me com perguntas como um promotor de justiça transtornado.
Portanto, ali estava eu, folheando as páginas na secção dos alunos do penúltimo ano, quando vi a fotografia da Demi. Encarei a foto durante apenas um segundo, depois virei a página, me xingando por ter sequer pensado naquela hipótese. Passei a hora seguinte à procura de alguém de aspecto minimamente decente, mas, lentamente, cheguei à conclusão de que já não restava mais ninguém. Por fim, voltei à fotografia dela e olhei de novo. Não era feia, disse para comigo, e realmente é muito simpática. Provavelmente, diria que sim, pensei...
Fechei o anuário. Demi Lovato? A filha de Eddie? Nem pensar. De maneira nenhuma. Os meus amigos iriam me comer vivo. Tá! Essa frase ficou meio esquisita, pensando no segundo sentido que ela tem.
Mas se comparássemos isso a ter de levar a minha mãe ou limpar o vomitado ou até, Deus me livre... Carey Dennison?
Passei o resto da tarde debatendo os prós e os contras do meu dilema. Acreditem, vacilei durante algum tempo, mas, no fim, a escolha era evidente, até para mim. Tinha de pedir a Demi para ir ao baile comigo, e dei voltas pelo quarto pensando na melhor maneira de convidá-la.
Foi então que me apercebi de algo terrível, algo absolutamente assustador. Carey Dennison, pensei de repente,talvez ele estivesse pensando em fazer o mesmo que eu naquele mesmo momento. Se “marcar”, também estaria folheando o anuário! Ele era esquisito, mas também não era o tipo de rapaz que gostasse de limpar vomitado, e se conhecessem a mãe dele, saberiam que essa escolha era ainda pior do que a minha. E se ele pedisse a Demi primeiro? Demi seria incapaz de lhe dar um não bem dado naquela “fuça” esquisita que ele tem, de fato, era a única opção que ele tinha. Ninguém, a não ser ela, aceitaria ser vista com ele. Demi ajudava todo o mundo - era uma daquelas santas da igualdade de oportunidades. Provavelmente, escutaria a voz esganiçada, detectaria a bondade irradiando do coração dele e aceitaria de uma assentada.
Assim, estava eu sentado no meu quarto, aflito com a possibilidade de Demi não ir ao baile comigo. Mal dormi naquela noite, digo, o que foi quase a coisa mais estranha pela qual já tinha passado. Não penso que alguém alguma vez tenha ficado tão ansioso por convidar Demi para sair. Era a primeira coisa que tencionava fazer logo de manhã, enquanto ainda tivesse coragem, mas Demi não estava na escola. Presumi que estivesse trabalhando com os órfãos em Morehead City, como fazia todos os meses. Alguns de nós tínhamos tentado sair da escola usando também essa desculpa, mas Demi era a única que conseguia ser convincente. O diretor sabia que ela estava lendo para os órfãos, ou até mesmo fazendo trabalhos manuais, ou simplesmente jogando com eles. Não iria fujir para a praia, ou para o Cecil's Diner, ou coisa do gênero. A ideia era completamente ridícula.
- Já tem par? - perguntou-me Eric num intervalo entre as aulas. Ele sabia muito bem que não, mas mesmo sendo o meu melhor amigo, gostava de me provocar de vez em quando.
- Ainda não - respondi - mas já estou resolvendo esse problema. O grande Joe nunca leva um não de uma garota não é mesmo?!
Ao fundo do corredor, Carey Dennison estava a abrir o seu armário. Juro que me lançou um olhar frio quando pensou que eu não estava olhando para ele.
Foi assim esse dia.
Os minutos passaram lentamente durante a última aula. Do modo como via as coisas se eu e Carey saíssemos ao mesmo tempo, eu conseguiria chegar a casa dela primeiro, tendo em conta as pernas desengonçadas dele. Comecei a preparar-me mentalmente e quando a campainha tocou saí da escola correndo com jamais corri, até parecia aquele vampiro, como é mesmo o nome?...Ah! Sim! Lembrei, parecia até mesmo o Edward. Voei durante cerca de cem metros, depois comecei a ficar meio cansado e, em seguida, tive uma cãibra. Pouco depois, só conseguia andar, mas a cãibra começou realmente a doer e tive de me dobrar e segurar
o flanco da perna enquanto andava. Ao caminhar pelas ruas de Beaufort parecia uma versão asmática do Corcunda de Notre Dame.
Atrás de mim pensei ouvir o riso estridente de Carey. Olhei para trás, segurando a barriga com força para abafar a dor, mas não o vi. Talvez estivesse cortando o caminho através do quintal de alguém. Era um filho da mãe manhoso, aquele. Não se podia confiar nele nem um minuto.
Comecei a cambalear ainda mais depressa e pouco tempo depois chegava à rua de Demi. Nessa altura já estava todo transpirado - a camisa completamente encharcada e ainda respirava com dificuldade. Alcancei a porta da frente da casa, esperei um segundo para recuperar o fôlego e finalmente bati. Apesar da corrida febril até à casa dela, o meu lado pessimista dizia-me que seria Carey a abrir a porta. Imaginei-o a sorrir para mim com uma expressão vitoriosa, uma expressão que quereria essencialmente dizer "Foi mal cara, tarde de mais".
Mas não foi Carey quem abriu a porta, foi Demi, e, pela primeira vez na vida, vi qual seria a sua aparência se ela fosse uma pessoa normal. Vestia calças de skini e uma camiseta soltinha , e embora o cabelo estivesse ainda preso naquele típico rabo de cavalo, parecia mais informal do que era costume. Percebi que até podia ser a maior gata se desse a si própria essa oportunidade.
- Joseph ?- disse ao abrir a porta – Nossa! – disse surpresa - Digo, que surpresa! - Demi ficava sempre contente por ver alguém, eu inclusive, apesar de ter parecido que o meu atual estado a sobressaltara um pouco. - Parece que decidiu dar uma corridinha pela cidade ãnh?!.
- Não necessáriamente - disse, limpando a testa. Felizmente, a cãibra estava melhorando rápido.
-Está com a camiseta toda traspirada.                                                                                                        
- Ah, isso? - Olhei para a camisa. - Isso não é nada. É que às vezes transpiro muito.
- Deveria ir ao médico para ver o que é.
- Estou bem, tenho a certeza.                              
- De qualquer maneira, vou rezar por você - ofereceu-se, sorrindo.
Demi estava sempre rezando por alguém. Já agora, juntava-me ao clube.
- Obrigado - disse eu.
Ela baixou o olhar e arrastou os pés por um momento.
- Bom, eu até podia te convidar pra entrar, mas o meu pai não está e não autoriza que os meninos entrem em nossa casa quando ele não está.
- Oh - disse eu, de um modo abatido - não faz mal. Podemos falar aqui... eu acho. - Se tivesse escolha, teria preferido lá dentro.
- Quer beber alguma coisa enquanto conversamos? - perguntou.
- Quero, sim - respondi.
- Volto já. - Entrou em casa, mas deixou a porta aberta, o que me permitiu dar uma olhada rápida à sala. A casa, notei, era pequena mas arrumada, com um piano encostado a uma parede e um sofá junto à outra. Uma pequena ventoinha oscilava a um dos cantos. Sobre a mesa de café estavam livros com títulos como Escutando Jesus e A Fé é a Resposta. A Bíblia de Demi também estava lá, aberta no Evangelho de São Lucas.
Pouco depois, Demi voltou com uma limonada e nos sentamos em duas cadeiras em um canto da varanda. Ela e o pai sentavam-se ali ao fim da tarde, eu sabia disso, pois passava pela casa deles de vez em quando. Mal nos sentamos, reparei em Mrs. Hastings, a vizinha do outro lado da rua, acenando para nós. Demi acenou também enquanto eu dava um jeito à cadeira para que Mrs. Hastings não pudesse ver a minha cara. Embora fosse pedir a Demi para ir ao baile comigo, não queria que ninguém nem mesmo Mrs. Hastings me visse ali no caso de ela já ter aceitado o pedido de Carey. Uma coisa era ir, de fato, com Demi ao baile, outra era ser rejeitado por ela a favor de uma pessoa como Carey.
- O que está fazendo? - perguntou-me Demi. – está pondo a cadeira no sol.
- Gosto do sol - disse eu. Contudo, ela tinha razão. Quase imediatamente pude sentir os raios solares me queimando através da camisa e me fazendo suar de novo.
- Se é isso que quer - disse Demi, sorrindo. - Então, o que queria falar comigo?
Demi levou as mãos à cabeça e começou a arranjar o cabelo. Que eu reparasse, o cabelo não tinha mudado um centímetro. Respirei fundo, tentando ganhar coragem, mas não conseguia obrigar-me a fazer a pergunta ainda.
- Então - disse em vez disso – foi ao orfanato hoje?
Demi olhou-me curiosa, ou confusa, ou talvez os dois, não consegui definir.
- Não. Eu e o meu pai estivemos no consultório do médico.
- Ele está bem?
Ela sorriu.
- Não podia estar melhor.
Acenei com a cabeça e olhei de relance para o outro lado da rua. Mrs. Hastings tinha voltado para dentro de casa, e não vi mais ninguém por perto. A costa finalmente estava livre, mas ainda não estava pronto.
- O dia está muito lindo hoje. - disse eu, ganhando tempo.
- Sim, está.
- Quente, também.
- Isso é porque está no sol.
Olhei em volta, sentindo a tensão a aumentar.
- Olha, aposto que não há uma única nuvem no céu.
Desta vez, Demi não respondeu e permanecemos em silêncio durante alguns momentos.
- Joe - disse ela, por fim – com certeza não aqui para falar do tempo, não é?
- Na verdade, não.
- Então por que é que está aqui?
O momento da verdade tinha chegado. Limpei a garganta.
- Bem... queria saber se vai ao baile da escola.
- Ah - disse ela. Pelo tom da voz até parecia que desconhecia a existência de festas. Me mexi inquieto na cadeira e aguardei a resposta.
- Na verdade, não tinha pensado em ir - disse Demi finalmente.
- Mas se alguém te convidasse, você iria?
Levou um momento a responder.
- Não tenho a certeza - disse, pensando com cuidado.
- Suponho que sim, se tivesse oportunidade. Nunca fui a um baile.
- São divertidos - disse eu rapidamente. - Não muito divertidos, mas divertidos. - Especialmente quando comparado às minhas outras opções, mas é óbvio que não lhe disse isso.
Ela sorriu perante o meu recuo.
- Teria de falar com o meu pai, claro, mas se ele dissesse que não havia problema, então eu acho que talvez fosse.
Na árvore junto à varanda, um pássaro começou a cantar ruidosamente, como se soubesse que eu não deveria estar ali. Concentrei-me no som, tentando acalmar os nervos. Há dois dias apenas não poderia ter sequer pensado naquilo, mas de repente, estava ali, me ouvindo fazer aquele mesma pergunta que fiz à algumas outras garotas, mas que já tinha companhia.
- Então, gostaria de ir ao baile comigo?
Percebi que tinha ficado surpreendida. Penso que ela julgara a pequena conversa que conduzira à pergunta um preâmbulo para o convite de outra pessoa. Por vezes, os adolescentes mandam os amigos "estudar o terreno", por assim dizer, para não terem de encarar uma possível rejeição. Apesar de Demi não ser muito parecida com os outros adolescentes, tenho a certeza de que estava familiarizada com o conceito, pelo menos em teoria.
Em vez de responder imediatamente, Demi virou o rosto durante um longo momento. Senti uma sensação de vazio no estômago, porque achei que ela iria dizer que não. Visões da minha mãe, vomitado e Carey inundaram-me a mente, e, de súbito, arrependi-me da maneira como havia comportado em relação a ela durante todos aqueles anos. Lembrei-me de todas as vezes que tinha zombado dela, ou chamado fornicador ao pai, ou simplesmente ter feito pouco dela atrás das costas. No preciso momento em que me estava me sentindo pessimo com tudo aquilo e a imaginar como é que iria conseguir evitar Carey durante cinco horas, ela voltou-se e olhou de novo para mim. Tinha um ligeiro sorriso nos lábios.
- Adoraria - disse ela, por fim. - Com uma condição.
Eu preparei-me, esperando não ser alguma coisa horrível de mais.
-Sim?
- Tem que prometer que não vai apaixonar por mim.
Sabia que estava brincando pela maneira como riu, e não pude deixar de suspirar de alívio. Àsvezes, tinha que admitir, Demi mostrava ter bastante senso de humor.
Sorri e dei-lhe a minha palavra.






Chapter two will soon.


Hey guys.
Pois então... como prometido, estarei postando o segundo capítulo aqui pra vocês, daqui a pouquinho ok?!
Sei que devem estar pu... da vida comigo por estar postando tão devagar, mas acontece que a minha mãe ta em cima de mim, pra eu estudar já que estou em fase final de provas.
Espero que me entendam.

Stay Strong!
XOXO
Bia.

Happy Valentines Day!

 

YAYYY! Hoje é um dia muito especial para aqueles que tem com quem comemorar rsrs, o que não é o meu caso hahaha
Mas enfim... quero desejar a vocês um feliz dia dos namorado, pra você que TEM um namorado(a) e também pra você que NÃO TEM um namorado(a), queria dizer para as pessoas que estão forever alone neste dia tão "maravilhoso", tamo junto colega hahaha ~parei~ 
Hoje a noite vai ser boa... só vai dar eu, meu travesseiro e a minha coberta haha



Secret Valentine

Soft kiss and wine
What a pretty friend of mine
We're finally intertwined
Nervous and shy
For the moment
We will come
Alive
Tonight

Secret valentine

We'll write a song
That turns out the lights
When both boy and girl
Start suddenly shaking inside
Don't waste your time
Speed up your breathing
Just close your eyes
We'll hope it's not for nothing at all

Lay down
Be still
Don't worry
Talk they will
I'll be loving you until
Morning's first light
Breaks tomorrow
I'll take care of you tonight

Secret valentine

We'll write a song
That turns out the lights
When both boy and girl
Start suddenly shaking inside
Don't waste your time
Speed up your breathing
Just close your eyes
We'll hope it's not for nothing at all

When guilt fills your head
Brush off
Rise up from the dead
This is the moment that we
Will come alive
Brace yourself for love
Sweet love, secret love.

We'll write a song
That turns out the lights
When both boy and girl
Start suddenly shaking inside
Don't waste your time
Speed up your breathing
Just close your eyes
We'll hope it's not for nothing at all

Namorada Secreta 

Beijo suave e vinho
Que bons amigos meus
Nós estamos finalmente entrelaçados
Nervosos e tímidos
Pelo momento
Que vamos ganhar
Vida
Esta noite

Namorada secreta

Nós escreveremos uma música
Que apague as luzes
Quando garoto e garota
Começar a sacudir por dentro
Não desperdice seu tempo
Acelere sua respiração
Apenas feche seus olhos
Nós vamos esperar que não seja nada em vão

Deite-se
Continue
Não se preocupe
Com o que eles vão falar
Eu estarei te amando até
O primeiro raio de luz
Aparecer amanhã
Eu cuidarei de você esta noite

Namorada secreta

Nós escreveremos um música
Que apague as luzes
Quando garoto e garota
Começar a sacudir por dentro
Não desperdice seu tempo
Acelere sua respiração
Apenas feche seus olhos
Nós vamos esperar que não seja em vão

Quando a culpa enche a sua cabeça
Varra pra fora
A subida da morte
Este é o momento que nós vamos
Ganhar vida
Se abra para o amor
Doce amor, amor secreto

Nós escreveremos um música
Que apague as luzes
Quando garoto e garota
Começar a sacudir por dentro
Não desperdice seu tempo
Acelere sua respiração
Apenas feche seus olhos
Nós vamos esperar que não seja em vão






I'm so sorry


Hey guys. Como vocês estão? 
Bom... eu tinha dito à vocês que logo que eu chegasse de viagem na sexta ou no sábado eu estaria aqui postando pra vocês, mas eu cheguei muito cansada no sábado sai com a minha família e hoje (no caso dia 12-06 dia dos namorados) é aniversário do meu primo, e a festa dele foi feita no domingo e aí sabem como é a família né?! rsrs 
Mas continuando... eu vou estar tentando postar alguns capítulos até o sábado, não prometo nada ok?! rsrs mas enfim...

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Stay Strong!
XOXO
Bia.

Chapter one.


Em 1958, Beaufort, na Carolina do Norte, situada na costa perto de Morehead City, era uma pequena cidade, igual a tantas outras do Sul. Era o gênero de lugar onde a humildade subia tanto no Verão que sair de casa para ir buscar o correio dava-nos logo vontade de tomar uma ducha, e as crianças andavam descalços de Abril até Outubro sob os carvalhos ornados de barbas-de-velho. As pessoas acenavam de dentro dos carros sempre que viam alguém na rua, quer conhecessem ou não, e o ar cheirava a pinheiros, sal e mar, um aroma único das Carolinas. Para muitas daquelas pessoas, pescar no Pamlico Sound ou apanhar caranguejos no rio Nele era um modo de vida, e ao longo de toda a Intercostal Waterway viam-se barcos atracados. A televisão transmitia apenas em três canais, mas a televisão nunca fora importante para os que ali cresceram. As nossas vidas centravam-se, em vez disso, à volta das igrejas, que só dentro dos limites da cidade eram dezoito. Tinham nomes como Igreja Cristã da Assembléia da Amizade, Igreja do Povo Perdoado, Igreja da Expiação de Domingo e depois, claro, havia as igrejas batistas. Na minha juventude, a Igreja Batista era de longe a congregação mais popular das redondezas e havia igrejas batistas praticamente em cada esquina da cidade, cada uma delas considerando-se superior às outras. Havia igrejas batistas de todas as variedades -  Batistas da Livre Vontade, Batistas do Sul, Batistas Congregacionistas, Batistas Missionários, Batistas Independentes... bem, já devem ter ficado com uma idéia. Sinceramente, não sei o por quê de tanta igreja.
Naquele tempo, o grande acontecimento do ano era promovido pela igreja batista do centro da cidade - a Sulista - juntamente com a escola secundária local. Todos os anos encenavam uma peça de Natal na Beaufort Playhouse, que na verdade, era uma peça escrita por Eddie de La Garza, um pastor que pertencia àquela igreja desde que Moisés abriu o mar Vermelho. Está bem, talvez não fosse assim tão velho, mas era tão velho que quase se podia ver através da sua pele. Tinha a pele sempre meio pegajosa e translúcida - as crianças juravam que conseguiam mesmo ver o sangue a correr nas suas veias e o seu cabelo era tão branco como os coelhinhos que se vêem nas lojas de animais por altura da Páscoa.
Pois bem, ele escreveu uma peça chamada O Anjo de Natal, porque não queria continuar a encenar aquele velho clássico de Charles Dickens, Cântico de Natal. Na sua opinião, Scrooge era um pagão que alcançou a sua redenção apenas por ter visto fantasmas, não anjos e, de qualquer maneira, quem poderia garantir que eles tivessem sido enviados por Deus? E se os fantasmas não tinham sido enviados diretamente do céu, quem poderia dizer que Scrooge não iria voltar à sua conduta pecaminosa? A peça não o dizia propriamente no final de certa maneira, falava-se da fé e tudo isso mas Eddie não confiava em fantasmas se eles não fossem de fato enviados por Deus e tal não era explicado numa linguagem clara. Esse era o grande problema da peça. Alguns anos antes, ele tinha alterado o final, fazendo a sua própria versão, com o velho Scrooge a transformar-se em padre e tudo, partindo para Jerusalém a fim de encontrar o lugar onde Jesus em tempos ensinara os escribas. Não foi muito bem recebida nem sequer pela comunidade de fiéis, sentados na platéia assistindo ao espetáculo com os olhos arregalados e o jornal local disse coisas do gênero: "Embora, sem dúvida, interessante, não é exatamente aquela peça que todos nós aprendemos a conhecer e a amar...".
Eddie decidiu então tentar escrever a sua própria peça. Tinha escrito sermões a vida inteira, e alguns deles, tínhamos de admitir, eram realmente interessantes, especialmente quando falavam da "ira de Deus caindo sobre os fornicadores" e desse gênero de coisas. É que lhe fazia mesmo o sangue ferver, digo-vos, quando falava dos fornicadores. (pra quem não sabe o que é fornicação: é quando a pessoa tem relações sexuais antes do casamento) Essa era a sua verdadeira paixão. Quando éramos mais novos, eu e os meus amigos escondíamo-nos atrás das árvores e
gritávamos "O Eddie é um fornicador!" quando o víamos descer a rua. Ríamos como idiotas, como se fôssemos as criaturas mais espirituosas que já tinham habitado o planeta.
O velho Eddie parava de repente, as suas orelhas levantavam-se - juro por Deus, elas mexiam-se mesmo e o seu rosto ganhava um tom vivo de vermelho, como se tivesse acabado de beber gasolina, e as veias grandes e verdes do pescoço começavam a dilatar-se, como o rio Amazonas naqueles mapas da National Geographic. Olhava de um lado para o outro, os olhos muito cerrados tentando nos achar e, em seguida, de modo igualmente repentino, começava a ficar pálido novamente, voltando àquela pele de peixe, mesmo diante dos nossos olhos. Bem, era digno de ser visto, disso não há dúvida.
Então ficávamos escondidos atrás de uma árvore e Eddie permanecia ali à espera que nos rendêssemos, como se achasse que éramos assim tão estúpidos. Tapávamos a boca com as mãos para evitar rir alto, mas, de alguma maneira, ele conseguia sempre perceber quem éramos. Ficava a olhar de um lado para o outro e, de repente, parava, os olhos pequenos e brilhantes apontados na nossa direção, atravessando diretamente a árvore. "Sei que é você Joseph" e completava, "e Deus também  sabe." Deixava que pensássemos nisso durante um minuto ou dois e, por fim, seguia o seu caminho. Durante o sermão desse fim-de-semana, fixava-nos com o olhar e dizia qualquer coisa como "Deus é misericordioso com as crianças, mas as crianças também têm de ser merecedoras da sua misericórdia". E nós nos encolhíamos nos bancos, não por vergonha, mas para esconder um novo ataque de riso. Eddie simplesmente não nos compreendia, o que era muito estranho, uma vez que ele até tinha uma criança. Mas era uma menina. Sobre isso, porém, falaremos mais tarde.
Como já disse, houve um ano em que Eddie escreveu O Anjo de Natal e decidiu encenar essa peça em vez da outra. Na verdade, a peça em si não era má, o que surpreendeu toda a gente no primeiro ano em que foi representada. Era, basicamente, a história de um homem que tinha perdido a mulher há alguns anos. Esse homem, Tom Thornton, era muito religioso, mas teve uma crise de fé depois da mulher ter morrido ao dar à luz. Tom Thornton acaba por cuidar da filha sozinho, mas não é o melhor dos pais. Surge um Natal em que o que a menina quer mesmo é uma caixinha de música especial com um anjo gravado na tampa, que ela vira num velho catálogo e cuja fotografia havia recortado. Durante muito tempo, o homem procura o presente por todo o lado, mas não o consegue encontrar em lugar algum. Chega então a véspera de Natal e ele continua à procura, e enquanto está na rua a olhar para as lojas depara com uma mulher estranha que nunca tinha visto e que promete ajudá-lo a encontrar o presente para a filha. Primeiro, porém, ajudam um mendigo, depois passam por um orfanato para visitar algumas crianças, em seguida visitam uma mulher velha e sozinha que queria apenas alguma companhia na véspera do Natal. Nesse ponto da história, a mulher misteriosa pergunta a Tom Thornton o que deseja para o Natal e ele responde-lhe que quer a sua mulher de volta. Ela leva-o ao chafariz da cidade e diz-lhe que olhe para a água, pois ali encontrará aquilo que procura. Quando ele olha para a água, vê o rosto da sua filhinha e desata a chorar ali mesmo. Enquanto isso, a mulher misteriosa desaparece e Tom Thornton procura-a mas não a consegue encontrar. Por fim, dirige-se a casa. As lições que aprendera durante o dia davam-lhe voltas à cabeça. Entra no quarto da filha e a sua figura adormecida fá-lo perceber que ela é tudo o que lhe resta da mulher. Começa a chorar de novo, pois sabe que não tem sido um bom pai. Na manhã seguinte, como por magia, a caixinha de música surge debaixo da árvore de Natal e o anjo gravado na tampa parece exatamente a mulher que ele vira na noite anterior.
Assim, de fato, a peça não era tão má. Para dizer a verdade, as pessoas vertiam rios de lágrimas sempre que a viam. Esgotava todos os anos em que era levada à cena e, devido à sua popularidade, Eddie acabou por ter de transferi-la da igreja para a Beaufort Playhouse, que tinha muito mais lugares. No meu último ano de escola secundária, faziam-se já dois espetáculos com casas cheias, o que, para aqueles que interpretavam a peça, era já por si um grande acontecimento.
É que Eddie queria que fossem jovens a representá-la - os alunos do último ano, não o grupo de teatro. Suponho que ele julgava que era uma boa experiência de aprendizagem antes de os alunos seguirem para a universidade e se defrontarem com todos os fornicadores. Ele era esse gênero de pessoa, querendo sempre salvar-nos da tentação. Queria que soubéssemos que Deus estava sempre a vigiar-nos, mesmo quando estávamos longe de casa e que, se confiássemos Nele, tudo acabaria bem. Foi uma lição que, por fim, aprendi, embora não tivesse sido Eddie a ensiná-la.

Como já disse, Beaufort era bastante típica como cidade do Sul, embora tivesse uma história interessante. O pirata Blackbeard teve ali em tempos uma casa, e dizem que o seu navio, o Queen Anne's Revenge, se encontra enterrado em algum lugar na areia ao largo da costa. Recentemente, uns arqueólogos, ou oceanógrafos, ou quem anda à procura de coisas desse gênero, disseram que o tinham localizado, mas de momento ninguém tem ainda a certeza, uma vez que se afundou há mais de duzentos e cinquenta anos e não há documentos que possam servir como provas de ser esse barco. Beaufort mudou muito desde os anos 50, embora ainda não seja exatamente uma grande metrópole. Beaufort era, e sempre será, uma comunidade pequena, mas quando eu era ainda criança mal justificava um lugar no mapa. Para melhor se perceber, o distrito que incluía Beaufort abrangia toda a parte oriental do estado - alguns cinquenta mil quilômetros quadrados, e não tinha uma única cidade com mais de vinte e cinco mil habitantes. Mesmo comparada a essas cidades, Beaufort era considerada pequena. Toda a zona a leste de Raleigh e a norte de Wilmington, até à fronteira com a Virgínia, fazia parte do distrito que o meu pai representava.
Suponho que já tenham ouvido falar dele. Ainda agora ele é uma espécie de lenda. Chamava-se Paul Kevin Jonas, e foi membro do Congresso durante quase trinta anos. A sua palavra de ordem, ano sim ano não, durante a época das eleições era "Paul Jonas representa...” e a pessoa devia preencher o nome da cidade onde vivesse. Lembro-me que durante as viagens que fazíamos, quando eu e a minha mãe tínhamos de aparecer em público para mostrar às pessoas que ele era um verdadeiro chefe de família, costumávamos ver esses autocolantes preenchidos a stencil com nomes como Otway, Chocawinity e Seven Springs. Hoje em dia, essas coisas já não resultariam, mas naqueles tempos era uma forma de publicidade razoavelmente sofisticada. Imagino que, se ele fizesse isso agora, os seus adversários introduziriam todo o tipo de palavrões no espaço em branco, mas nós nunca vimos isso. Bem, talvez uma vez. Um agricultor de Dupím County escreveu a palavra merda no espaço em branco, e quando a minha mãe a viu, tapou os meus olhos e disse uma prece pedindo perdão para aquele pobre e ignorante. Ela não proferiu exatamente essas palavras, mas eu percebi o sentido.
Portanto o meu pai, o Sr. Congressista, era o manda-chuva local, e todos, mas todos, sabiam isso, incluindo o velho Eddie. Pois bem, os dois não se davam lá muito bem, não se entendiam de todo, apesar de o meu pai visitar a igreja de Eddie sempre que ia à cidade, o que, para ser franco, não acontecia assim com muita frequência. Eddie, para além de pensar que os fornicadores estavam destinados a limpar os urinóis no Inferno, também acreditava que o comunismo era "uma doença que condenava a humanidade ao heregismo". Apesar de heregismo não existir como palavra, não consigo encontrá-la em dicionário algum, os fiéis sabiam o que ele queria dizer. Sabiam também que dirigia aquelas palavras em particular ao meu pai, sentado de olhos fechados e fingindo não ouvir. O meu pai pertencia a uma das comissões da Câmara dos Representantes que estudava o "perigo vermelho" que, supostamente se estava a infiltrar em todas as esferas do país, incluindo a defesa nacional, o ensino superior e até a cultura do tabaco. Não se esqueçam que isto se passou durante a Guerra Fria; as tensões estavam ao rubro, e nós, os da Carolina do Norte, precisávamos de alguma coisa que trouxesse tudo aquilo para um nível mais quotidiano. O meu pai, de forma coerente, tentava procurar fatos, os quais eram irrelevantes para pessoas como Eddie.
Depois, quando chegava a casa após a missa, dizia qualquer coisa como "O reverendo De La Garza esteve muito bem hoje. Espero que tenha prestado atenção àquela parte do Evangelho em que Jesus fala dos pobres...".
- Sim, claro, pai...
O meu pai tentava relativizar as situações sempre que possível. Penso que foi por isso que se manteve no Congresso durante tanto tempo. Ele podia beijar os bebês mais feios à face da terra e ainda inventar algo de simpático para lhes dizer. "Que criança tão amorosa", comentava, quando o bebê tinha uma cabeça gigantesca, ou "Aposto que é a menina mais querida deste mundo", se a bebê tivesse uma marca de nascença que lhe cobria o rosto inteiro. Uma vez apareceu uma mulher com uma criança numa cadeira de rodas. O meu pai olhou para ele e disse: "Aposto dez contra um em como é o melhor aluno da tua turma." E era! Pois é, o meu pai era o máximo neste gênero de coisas. Estava à altura dos melhores, disso não há dúvida. E não era assim tão mau, na verdade, especialmente levando em conta que não me batia, nem nada disso.
Mas não esteve presente durante a minha infância. Detesto dizer isto, porque hoje em dia as pessoas falam muito dessas coisas, mesmo quando os pais estiveram de fato presentes, e usam-nas como desculpa para o seu comportamento. O meu pai... não me amava... foi por isso que me tornei numa stripper e apareci no Jerry Springer Show... Não estou a usar isto para desculpar a pessoa em que me tornei, estou apenas a constatá-lo como um fato. O meu pai estava ausente nove meses durante o ano, vivendo num apartamento em Washington, D.C., a quase quinhentos quilômetros de distância. A minha mãe não ia com ele, porque ambos queriam que eu crescesse "da mesma maneira que eles tinham crescido".
Claro, o pai do meu pai levava-o a caçar e a pescar, ensinou-o a jogar à bola, aparecia nas festas de aniversário, aquelas pequenas coisas que, todas juntas, são muito importantes antes de nos tornarmos adultos. O meu pai, pelo contrário, era um estranho, alguém que eu mal conhecia. Durante os primeiros cinco anos de vida pensei que todos os pais vivessem fora de casa num outro lugar qualquer. Foi só quando o meu melhor amigo, o Eric Hunter, me perguntou no jardim de infância quem era aquele homem que aparecera em minha casa na noite anterior que percebi que havia algo de errado naquela situação.
- É o meu pai - respondi, orgulhoso.
- Ah - disse Eric, vasculhando na minha lancheira, à procura do meu Milky Way. - Não sabia que tinha pai.
Foi como se me tivessem dado um estalo na cara.
De maneira que cresci sob os cuidados da minha mãe, uma senhora simpática, meiga e gentil, o gênero de mãe com quem a maioria das pessoas sonha. Mas ela não foi, nem podia ter sido, uma influência masculina na minha vida e, esse fato, juntamente com a desilusão crescente em relação ao meu pai, fez com que me tornasse meio rebelde, mesmo quando era ainda muito novo. Não um rebelde dos maus, atenção. Eu e os meus amigos podíamos sair às escondidas de casa à noite e ensaboar os vidros de automóveis de vez em quando, ou comer amendoins cozidos no cemitério por trás da igreja, mas nos anos cinquenta eram coisas que levavam os pais a abanar a cabeça e a sussurrar para os filhos: "Não queiram ser como o filho dos Jonas. Não tarda nada, vai parar à prisão."
Eu. Um mau rapaz. Por comer amendoins no cemitério, imaginem.
Bem, adiante, o meu pai e Eddie não se davam bem, mas não era só por causa da política. Não, parece que o meu pai e Eddie se conheciam há já muito tempo. Eddie era cerca de vinte anos mais velho do que o meu pai e, em tempos, antes de ser pastor, costumava trabalhar para o pai do meu pai. O meu avô apesar de ter passado muito tempo com o meu pai era, sem dúvida, um verdadeiro filho-da-mãe. A propósito, foi ele quem fez a fortuna da família, mas não quero que o imaginem como um homem diligente que se matava a trabalhar, assistindo tranquilamente ao crescimento do seu negócio, enriquecendo aos poucos com o tempo. O meu avô era muito mais esperto do que isso. O modo como ganhou o seu dinheiro foi simples - começou como contrabandista de bebidas alcoólicas, acumulando riqueza durante o período da Lei Seca, trazendo rum de Cuba. Depois, começou a comprar terras e a contratar rendeiros para trabalharem nelas. Ficava com noventa por cento do que os rendeiros faziam com a colheita do tabaco, depois lhes emprestava dinheiro sempre que eles precisavam, com taxas de juro absurdas. Claro, nunca fazia tensão de receber o dinheiro, em vez disso, impedia-os de liquidarem as hipotecas acabando por ficar com qualquer pedaço de terra ou equipamento que lhes pertencesse. Depois, no que ele chamava o seu "momento de inspiração", fundou um banco chamado Jonas Banking and Loan. O único banco que existia num raio de dois conselhos tinha ardido misteriosamente e, com o começo da Depressão, nunca mais reabriu. Embora toda a gente soubesse o que realmente acontecera, jamais alguém disse uma palavra com medo de represálias, e esse medo tinha razão de ser. O banco não fora o único edifício a incendiar-se misteriosamente.
As taxas de juro eram ultrajantes e, aos poucos, ele começou a apropriar-se de mais terras e bens à medida que as pessoas não conseguiam liquidar os seus empréstimos. Quando a Depressão atingiu o auge, apoderou-se de dezenas de negócios por todo o conselho, conservando ao mesmo tempo os proprietários originais como assalariados, pagando-lhes apenas o suficiente para mantê-los onde estavam, pois não tinham para onde ir. Dizia-lhes que quando a economia melhorasse, voltaria a vender-lhes os negócios, e as pessoas acreditavam sempre nele.
Nem uma única vez, porém, cumpriu a sua promessa. No fim, acabou por ficar com o controlo de uma grande parte da economia do conselho, e abusou do seu poder de todas as maneiras imagináveis.
Gostaria de poder contar que ele acabou por ter uma morte horrível, mas não foi o caso. Morreu numa idade bem avançada, enquanto dormia com a amante no seu iate ao largo das Ilhas Caimão. Sobrevivera a ambas as mulheres e ao único filho. Que fim para uma pessoa como ele! A vida, aprendi, nunca é justa. Se se ensinasse alguma coisa nas escolas, deveria ser isso.
Mas voltemos à história... Eddie, quando viu que grande sacana era, na verdade, o meu avô, deixou de trabalhar para ele e ingressou no sacerdócio. Mais tarde, voltou para Beaufort e começou a ministrar na mesma igreja que nós frequentávamos. Passou os primeiros anos a aperfeiçoar o seu número de fogo e castigo celestial com sermões mensais sobre os malefícios das pessoas avarentas, e isso deixava-lhe muito pouco tempo para qualquer outra coisa. Tinha já quarenta e três anos quando finalmente se casou; e cinquenta e cinco quando a filha, Demi Lovato, nasceu. A mulher, pequenina e magra, vinte anos mais nova do que ele, teve seis abortos espontâneos antes da Demi nascer e, no fim, morreu ao dar à luz, deixando Eddie viúvo e com uma filha para criar sozinho.
Daí, claro, a história por detrás da peça de teatro.
As pessoas já sabiam disso, mesmo antes de a peça ser levada à cena. Era uma daquelas histórias que se ouviam sempre que Eddie tinha de batizar um bebê ou assistir a um funeral. Todos a conheciam, e é por isso, penso eu, que tantas pessoas se emocionavam sempre que assistiam à representação de Natal. Reconheciam-na como algo baseado na vida real, o que lhe dava um significado especial.
Demi  andava no último ano da escola secundária, como eu, e já tinha sido escolhida para interpretar o anjo. Não que mais alguém alguma vez tivesse essa hipótese. Esse fato, claro, tornava a peça particularmente especial naquele ano. Ia ser um grande acontecimento, talvez o maior acontecimento de todos os tempos pelo menos, na cabeça de Miss Garber. Ela era a professora de teatro, e já se mostrava entusiasmadíssima com as possibilidades da peça na primeira vez que a vi nas aulas.
Pois bem, eu realmente não planejei fazer teatro naquele ano. A sério que não, mas ou escolhia isso ou Química II. A verdade é que pensava que iria ser uma disciplina "fácil", especialmente quando comparada com a minha outra opção. Nada de papéis, ou testes, nem quadros onde teria de memorizar prótons e nêutrons e combinar elementos nas suas fórmulas adequadas... O que poderia ser melhor para um aluno no último ano? Parecia ser a escolha acertada, e quando me inscrevi em teatro, pensei que iria poder dormir em quase todas as aulas, o que era bastante importante na altura, tendo em conta os meus hábitos de comedor de amendoins às tantas da noite.
No primeiro dia de aulas fui dos últimos a chegar, entrando segundos antes de a campainha tocar, e escolhi um lugar nas últimas filas. Miss Garber estava de costas para a classe, ocupada a escrever o seu nome em letras grandes e cursivas no quadro, como se não soubéssemos como ela se chamava. Toda a gente a conhecia - era impossível não a conhecer. Era alta, media pelo menos dois metros, com cabelo ruivo flamejante e uma pele pálida que, aos quarenta e tal anos, ainda exibia sardas. Tinha também excesso de peso - diria honestamente que chegava aos cento e quinze quilos - e uma tendência para usar longos e floridos vestidos havaianos. Usava óculos com armações de tartaruga, e cumprimentava toda a gente com "Oláááaaa"'", a última sílaba meio cantada. Miss Garber era única, disso não há dúvida, e era solteira, o que tornava as coisas ainda piores. Um homem, não importa a idade, não podia deixar de sentir pena de uma mulher como ela.
Por baixo do seu nome, escreveu os objetivos que pretendia alcançar naquele ano. A "autoconfiança" vinha em primeiro lugar, seguida da "autoconsciência" e, em terceiro, a "realização pessoal". Miss Garber tinha a mania deste tipo de expressões, nisso antecipando a psicoterapia, embora na altura não se apercebesse provavelmente disso. Miss Garber foi pioneira nesse campo. Talvez tivesse algo a ver com a sua aparência física; talvez só procurasse sentir-se melhor consigo própria.
Mas estou apenas a divagar.
Foi só depois de a aula ter começado que reparei numa coisa estranha. Embora a Escola Secundária de Beaufort não fosse grande, tinha a certeza absoluta de que era frequentada por igual número de rapazes e de garotas, sendo essa a razão por que fiquei surpreendido ao reparar que aquela turma tinha uma percentagem feminina de pelo menos noventa por cento. Havia apenas um outro rapaz na sala, o que na minha opinião era bom e, por um instante, senti-me entusiasmado com aquele gênero de sensação "atenção pessoal, aqui vou eu". Mulheres, mulheres, mulheres... não podia deixar de pensar nisso. Mulheres e mais mulheres e nada de testes à vista.
Pronto, sei que não era o rapaz mais perspicaz do bairro.
Então Miss Garber traz à baila a peça de Natal e diz-nos que Demi vai ser o anjo naquele ano. Miss Garber pôs-se logo a bater palmas - pertencia à igreja, também - e muita gente pensava que ela tinha um fraquinho por Eddie. Quando ouvi falar disso pela primeira vez, lembro-me de ter pensado que era bom eles serem demasiado velhos para poderem ter filhos, se alguma vez se viessem a juntar. Imaginem - translúcidos com sardas! Só a idéia arrepiava toda a gente, mas claro, nunca ninguém falava do assunto, pelo menos ao alcance dos ouvidos de Miss Garber e Eddie. Mexericos é uma coisa, mexericos ofensivos é outra completamente diferente e, mesmo na escola secundária, não éramos assim tão maus.
Miss Garber continuou a bater palmas sozinha até todos finalmente nos juntarmos a ela, pois era, evidentemente, isso que ela queria. "Levante-se, Demi", disse. Então Demi levantou-se e voltou-se para nós. Miss Garber começou a bater palmas com mais força ainda, como se estivesse na presença de uma verdadeira estrela de cinema.
Pois bem, Demi era boa garota. Era mesmo. Beaufort era tão pequena que havia apenas uma escola primária. Daí que tivéssemos pertencido às mesmas turmas a vida inteira e mentiria se dissesse que nunca tinha falado com ela. No segundo ano, Demi ficara no lugar ao meu lado, e até tivemos algumas conversas, mas isso não queria dizer que passasse muito tempo com ela nos meus tempos livres, mesmo naquela altura. Com quem eu me dava na escola era uma coisa; com quem estava depois da escola era outra completamente diferente, e Demi nunca constara da minha agenda social.
Não que fosse feia, não me entendam mal. Não era horrorosa, nem nada disso. Felizmente, saíra à mãe, que segundo as fotografias que tinha visto não era nada mal, especialmente tendo em conta aquele com quem acabara por casar. Apesar de magra, com cabelo louro de mel e meigos olhos cor de chocolate, a maior parte do tempo parecia algo... “fofo”, e isso só quando se chegava a reparar nela. Demi não se preocupava muito com as aparências exteriores, pois estava sempre à procura de coisas como "beleza interior", e suponho que, em parte, seria essa a razão por que tinha aquele aspecto. Desde que a conhecia e isso é recuar bastante no tempo, - lembrem-se - usou sempre o cabelo num carrapito bem apertado, quase como uma solteirona, sem uma pinta de maquiagem no rosto. Juntando a isso, com os seus habituais casaco de lá castanho e saia de xadrez, tinha sempre o aspecto de estar a caminho de uma entrevista para um emprego na biblioteca. Nós achávamos que era só uma fase e que, por fim, lhe passaria, mas isso nunca aconteceu. Mesmo durante os nossos primeiros três anos de escola secundária ela nada mudou. A única coisa que mudou foi o tamanho das suas roupas.
Mas não era apenas a aparência de Demi que a tornava diferente; era também o modo como se comportava. Demi não passava o tempo no Cecil's Diner ou em festas em casa das outras meninas, e estou certo de que nunca havia tido um namorado na vida.
O velho Eddie, provavelmente, teria um ataque de coração se isso acontecesse. Mas mesmo que, por alguma estranha razão, Eddie o permitisse, ainda assim isso não teria feito qualquer diferença. Demi levava a Bíblia para todo o lado e, se a sua aparência e Eddie não afastavam os rapazes, a Bíblia podem ter a certeza que sim. Ora bem, eu gostava tanto da Bíblia como qualquer outro rapaz, mas Demi parecia gostar dela de um modo que me era completamente estranho. Não só ia todos os meses de Agosto para o campo de férias da igreja, como lia também a Bíblia durante o intervalo do almoço na escola. Para a minha cabeça, isso simplesmente não era normal, mesmo sendo ela a filha do pastor. Por mais voltas que se dê ao assunto, ler a carta de São Paulo aos Efésios não era nem de perto tão divertido como namoricar.
Mas não ficava por aí. Por causa de toda a sua leitura da Bíblia, ou talvez devido à influência de Eddie, Demi acreditava que era importante ajudar os outros; e ajudar os outros era precisamente o que ela fazia. Eu sabia que ela trabalhava como voluntária no orfanato de Morehead City, mas isso ainda não lhe era suficiente. Estava à frente de toda e mais alguma campanha de recolha de fundos, ajudando toda a gente, desde os Escoteiros às Princesas Índias. Soube que, quando ela tinha catorze anos, passou parte do Verão a pintar o exterior da casa de um vizinho idoso. Era o gênero de menina para arrancar as ervas daninhas do jardim de alguém sem que lhe pedissem ou para interromper o trânsito para ajudar as criancinhas a atravessar a rua. Poupava na sua mesada para comprar uma nova bola de basquete para os órfãos, ou dava meia volta e deitava o dinheiro no cesto da igreja aos domingos. Era, por outras palavras, o tipo de mulher que nos fazia parecer maus, e sempre que ela olhava para mim, não podia deixar de me sentir culpado, mesmo que não tivesse feito nada de errado.
Demi também não circunscrevia as suas boas ações às pessoas. Sempre que se cruzava com um animal ferido, por exemplo, tentava ajudá-lo. Sarigueias, esquilos, cães, gatos, rãs... pouco lhe importava. O Dr. Rawlings, o veterinário, conhecia-a de vista, e abanava a cabeça sempre que a via aproximar-se da sua porta trazendo uma caixa de cartão com mais uma criatura lá dentro. Tirava os óculos e limpava-os com o lenço enquanto Demi explicava como tinha encontrado a pobre criatura e o que lhe tinha acontecido. "Foi atropelado por um carro, Dr. Rawlings. Penso que estava nos desígnios de Deus eu tê-lo encontrado e tentar salvá-lo. Vai ajudar-me, não vai?"
Para Demi, tudo estava nos desígnios de Deus. Havia outra coisa. Sempre que alguém falava com ela, qualquer que fosse o assunto, mencionava sempre os desígnios de Deus. O jogo de basebol foi adiado por causa da chuva? Deve ser desígnio de Deus para evitar que algo de mais grave aconteça. Um teste surpresa de trigonometria a que todos na turma chumbaram? Deve estar no desígnio de Deus para nos proporcionar desafios. Bem, já devem ter ficado com uma idéia.
Depois, claro, havia toda a grande questão de Eddie, e isso em nada a ajudava. Ser a filha do pastor não podia ter sido fácil, mas ela fazia com que isso parecesse a coisa mais natural do mundo e uma sorte ter sido abençoada daquela maneira. Era também assim que costumava dizer. "Fui tão abençoada por ter um pai como o meu." Sempre que dizia isso, tudo o que podíamos fazer era abanar a cabeça e interrogar-nos de que planeta é que ela, efetivamente, tinha vindo.
No entanto, apesar de todas essas características, aquilo que realmente me enfurecia nela era o fato de estar sempre tão irritantemente alegre, independentemente daquilo que estivesse a acontecer à sua volta. Juro, aquela menina nunca disse uma coisa má de nada nem ninguém, mesmo daqueles de nós que não eram muito simpáticos para ela. Passeava pelas ruas a cantarolar, acenava a estranhos que passassem de carro. Por vezes, algumas senhoras, quando a viam passar, saíam a correr das suas casas para lhe oferecerem pão de abóbora que tinham feito durante o dia ou limonada se o calor apertava. Parecia que todos os adultos da cidade a adoravam. "É uma menina tão simpática", diziam sempre que viesse à conversa o nome de Demi. "O mundo seria um lugar melhor se houvesse mais pessoas como ela."
Mas eu e os meus amigos não víamos as coisas propriamente da mesma maneira. Na nossa opinião, uma Demi Lovato já era de mais.
Pensei nisto tudo quando Demi se colocou diante de nós no primeiro dia da aula de teatro e admito que não estava muito interessado em vê-la. Mas estranhamente, quando Demi se voltou para nos olhar senti uma espécie de choque, como se estivesse sentado em cima de um arame lasso ou coisa parecida. Ela vestia uma saia de xadrez e uma blusa branca debaixo do mesmo casaco de lã castanho que eu já vira um milhão de vezes, mas havia duas novas saliências no peito que a camisola não conseguia esconder e que eu jurava não estarem lá há apenas três meses atrás. Demi nunca usara maquiagem e ainda não o fazia, mas estava bronzeada, provavelmente por causa do campo de férias e, pela primeira vez, parecia bem, quase bonita. Claro, pus logo de parte esse pensamento, mas quando olhou em volta da sala, ela parou e sorriu para mim, obviamente contente por ver que eu fazia parte da turma. Só mais tarde é que eu viria a descobrir a verdadeira razão desse sorriso.



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Demorei mas postei hehe primeiro capítulo ta aí pra vocês. OMG! Deu 15 páginas do word. Oo haha
Depois me digam o que vocês acharam ok?!

Stay Strong!
XOXO
Bia.