Joseph deixou Demi na sala, conversando com Denise, e foi
consertar a pia da cozinha. —Estou feliz por ele ter superado o passado — disse
a dona da casa com sinceridade.— Não sabe como tem sido triste vê-lo punir-se
por algo que não poderia ter evitado.
— Papai e eu nunca soubemos nada sobre seu passado, mas Joe
tem classe, e eu sempre me perguntava por que ele havia decidido enterrar-se em
uma fazenda como a nossa.
— Ele fala muito bem de seu pai e, na última vez em que
esteve aqui, também falou muito sobre você.
Demi ficou vermelha e abaixou a cabeça, olhando fixamente
para o prato que colocava sobre a mesa.
— Posso imaginar. Ele estava furioso quando deixou a
fazenda, e tinha todo o direito de me odiar por ter escondido a verdade.
—Meu filho sabe o que sente por ele?
O rubor tornou-se mais intenso:
—Não. Deve pensar que é apenas uma atração física e, por
enquanto, eu prefiro que seja assim. Não sei se algum dia poderei ser a esposa
que ele precisa, porque... bem, sou muito simples...
Denise deu a volta na mesa e abraçou-a com carinho:
— Se Joseph deixar você escapar, juro que baterei nele com
uma vara de marmelo! Vou buscar os sanduíches e chamar os rapazes. Não fique
tão assustada, Demetria! Eles não mordem — riu.
Demi sentou-se no lugar que Denise indicou e ouviu o
cumprimento simpático de Kevin, que acomodou-se a seu lado.
— Olá, Demi. É bom ter alguma coisa bonita para olhar
enquanto como.
Nick levantou a cabeça e fitou Demi com indiferença e
frieza:
—Se não gosta de olhar para mim enquanto come, use uma venda
— respondeu com tom agressivo.
— Que horror! Ele acabaria comendo a toalha da mesa —
brincou Denise.
— Sente-se, Joseph.
Ele obedeceu, mas a desaprovação estava estampada em seus
olhos, como se Demi tivesse culpa por Kevin ter escolhido a cadeira a seu lado.
—Faça a oração de agradecimento, Nick — ordenou a mãe. Ele
rezou em voz alta e em seguida todos ocuparam-se com os sanduíches e o café. Kevin
contou a história da propriedade a Demi e Nick comeram em silêncio, enquanto Denise
perguntava a Joseph sobre seus planos para o futuro. Demi não podia ouvir o que
ele estava dizendo, mas percebeu a raiva estampada em seus olhos. O que havia
feito de errado? Estaria arrependido por ter parado naquele hotel? Embaraçada
com as lembranças despertadas, sentiu o rosto vermelho. Ainda sentia o corpo
arder onde ele a tocara, mas talvez fosse diferente para um homem,
especialmente quando não amava a mulher com quem acabara de dividir uma cama. Joseph
demonstrara um desejo intenso, mas podia estar arrependido por ter cedido aos
impulsos que haviam transformado um casamento acidental numa união verdadeira.
Talvez estivesse pensando em
Ashley. Estava quieto, estranho, e Demi conhecia bem aquela disposição
de ânimo. Era exatamente o estado de humor que fazia os peões da fazenda
fugirem dele.
— Eu sempre quis ter uma irmã — disse Kevin. — Mas só tenho Joseph,
Frankie e... ele.
Nick continuou comendo, como se não houvesse percebido o
insulto.
—Já é hora de parar com essa provocação, filho — Denise
censurou. — Estou começando a desconfiar que Nick fica feliz com as ofensas.
—Já devia saber o que me deixa feliz...
—Agora não, meu filho. Temos convidados.
—Demi é da família — Kevin corrigiu.
—Da sua família, não da minha —Nick respondeu com um olhar
furioso em direção à mãe. — Sem nenhuma ofensa — acrescentou, dirigindo-se a Joseph.
—Vai levar a vingança até o túmulo, não é? — perguntou a
dona da casa.
—Preciso voltar ao trabalho. Vejo você mais tarde, Joseph.
Nick levantou-se e saiu sem olhar para trás.
— Agora que o ambiente melhorou, o que achou da nossa
fazenda, Demi? — quis saber Kevin. Ela respondeu de maneira automática,
pensando na estranha conversa que acabara de presenciar.
Se aquela era uma demonstração de como as coisas seriam
durante a visita, preferia não ter de ficar por muito tempo. Mas sem a presença
difícil de Nick, tudo ficou mais agradável. Kevin decidiu levá-la para conhecer
a fazenda e, antes que Joseph pudesse protestar, pegou-a pela mão e levou-a
para fora, onde o jeep estava estacionado.
— E Joseph...? — ela perguntou embaraçada, olhando para trás
e vendo que ele os observava em silêncio.
—Só quero conversar um pouco com minha cunhada — disse Kevin,
afastando o mal estar.
Ao encará-lo, Demi viu a mesma expressão séria que a
intimidara em Joseph e, depois, em Nick. Minutos depois ele parou o jeep num ponto
afastado da estrada, onde não podiam ser vistos a partir da casa, e desligou o
motor.
— Ashley telefonou esta manhã, e queria falar com Joseph —
revelou. — Se quer saber minha opinião, acho que ela não é o tipo de mulher que
aceita uma rejeição em
silêncio. Ela não acreditou quando meu irmão disse que estava
casado, e comentou comigo que acreditava na possibilidade de você ter arrumado
uma certidão falsa.
Com um suspiro pesado, Demi respondeu:
—Qualquer um pode verificar o documento e descobrir que é
autêntico.
— Eu sei. Fiz isso quando Joseph esteve aqui — sorriu. — Não
fique ofendida, mas ele vai herdar uma fortuna quando mamãe morrer, e ninguém
sabia quem era Demetria Lovato.
—Mas Joseph disse que você o fez mudar de idéia sobre a
anulação do casamento.
— E é verdade. Um dia desses, me lembre de mostrar o
relatório que o detetive particular fez a seu respeito. Você é o tipo de mulher
que qualquer mãe quer para os filhos, uma jovem honesta, firme e caseira, sem
falar na devoção que tem por seu pai. Nessa geração irresponsável e leviana,
você é quase um milagre, e eu disse isso a Joseph. E claro que ele compreendeu
que poderia ter encontrado coisa muito pior.
— Imagino...
—No entanto. Ashley parece não concordar comigo, e é melhor
você ficar atenta.
— Obrigada. Kevin.
— Joseph merece ser feliz. Taylor transformou sua vida num
inferno com aquele ciúme doentio, e já é hora dele parar de culpar-se por sua
morte.
—Eu também acho, e vou cuidar bem dele.
Ele sorriu:
—Não é o que vem fazendo nos últimos três anos? Bem, já
disse o que tinha a dizer, e agora é hora de voltarmos. Só queria preveni-la.
—Obrigada. Vou ficar atenta.
Quando chegaram, Joseph estava furioso. Fitou o irmão com
olhos brilhantes, e Demi mereceu um olhar ainda mais intenso. Denise fingiu não
notar a tensão e convidou-os para uma visita a Jacobsville, onde pretendia
comprar mantimentos. Demi acalmou-se quando foi apresentada a várias pessoas,
incluindo a jovem mãe que cuidava do armazém e que tinha três crianças
penduradas na saia. A seu lado. um homem louro e forte atendia os fregueses.
— Esses são os Ballengers — disse Denise. — Abby e Calhoun.
Aquele é Matt... não, é Terry, e aquele é Edd — apontou, tentando identificar
as crianças.
— Você nunca vai aprender, Theodora — riu Calhoun. — Terry,
Edd e Matt.
— O máximo que posso fazer é distinguir seus filhos dos de
seu irmão Justin.
— Justin e Selena já têm mais um a caminho, e desta vez
estão certos de que é uma menina.
— Depois dos três garotos, posso entender sua determinação —
comentou Denise.
—Nós desistimos — Abby suspirou. — Gosto de meninos, e estou
cansada do peso da maternidade. Meu corpo foi destruído por esses anjinhos!
—Mas eu ainda amo você — sorriu o marido, beijando-a na
testa.
Demi sentiu uma pontada de tristeza por não ter esse tipo de
afeição. Fora capaz de despertar apenas desejo em Joe, e agora ele não
demonstrava nem isso. Tinha o rosto duro como se houvesse sido esculpido em
granito, e não disse nada quando sua mãe apresentou-a como sua esposa. Era
difícil fingir que tudo ia bem, que estava imensamente feliz, quando tinha o coração
despedaçado. Mais tarde, Denise levou-a para um passeio pelas ruas de
Jacobsville e depois, quando voltaram à fazenda, mostrou o álbum de fotos da
família, enquanto os homens iam verificar o rebanho. Ninguém falou muito
durante o jantar. Apenas a cozinheira fez alguns comentários ácidos sobre o
apetite voraz dos homens e, em seguida, voltou para a cozinha.
— Ela está aqui há tanto tempo, que se considera dona da
cozinha — explicou Denise. — Adora ver os pratos limpos depois de cada
refeição.
—Ela é uma excelente cozinheira — Demi elogiou.
— Ouvi dizer que você faz tortas de maçã maravilhosas —
comentou Kevin.
—Meu pai deve achá-las deliciosas, porque é capaz de brigar
para não dividi-las.
—Ele é feliz — disse, olhando para a mãe e para Nick. — Eu
nunca consigo garantir meu pedaço de sobremesa.
Denise fez uma careta e virou-se para Demetria:
—A idéia dele de justiça é meio estranha, sabe? Sempre acha
que merece dois terços do bolo.
— Estou emagrecendo, qualquer um pode ver! — Kevin
protestou. — Morrendo de fome em minha própria casa!
Demi riu mas, do outro lado da mesa, Joseph permaneceu sério
e carrancudo. Atormentava-se com aquele sorriso, e via nele todo o tipo de
promessas. Demi sentira-se atraída por Kevin desde a primeira vez em que o
vira, e naquele dia havia saído com ele e voltara com expressão muito feliz.
Agora ria de tudo que ele dizia, e sentara-se ao lado dele novamente. Estava
perdendo sua esposa! Se tudo o que sentia por ele era curiosidade sexual, agora
que já a satisfizera, podia ter perdido o interesse. Deus, e se estivesse
apaixonada por Kevin? Com o rosto contorcido, Joseph abaixou a cabeça para que
ninguém notasse sua angústia.
Depois do jantar, Denise ligou o vídeo cassete e todos viram
uma comédia que Demetria andava maluca para assistir. No entanto, seu
entusiasmo desapareceu quando Joseph levantou-se no meio da exibição, dizendo
que precisava dar alguns telefonemas importantes.
Um pouco depois Demi desculpou-se e foi procurá-lo no
escritório, disposta a esclarecer a situação, mas não o encontrou. Com um
suspiro triste, saiu pela porta da frente e sentou-se nos degraus da varanda,
onde ficou contemplando a noite escura. A porta abriu-se às suas costas e ela
levantou-se depressa, pensando ser Joe. Mas era Nick.
—Estou incomodando? — ele perguntou com tom profundo.
—Não, eu... só queria um pouco de ar fresco. Já ia entrar.
— Não precisa ter medo de mim. Minha vingança, como Denise
diz, não inclui você. Joseph está estranho... Discutiram antes de vir para cá?
—Não — respondeu encabulada, lembrando-se do que haviam
feito na estrada. — Na verdade, estávamos muito bem, até que chegamos aqui.
—Ou até que saiu com Kevin?
—É... acho que foi isso.
— Eu também acho.
—Kevin só queria me prevenir sobre o telefonema.
— Que telefonema?
— O da mulher com quem Joe costumava sair antes do casamento
— explicou. — Kevin disse que Ashley telefonou para cá perguntando por Joe,
porque achava que eu havia falsificado a certidão de casamento.
—Puro veneno... Disse a Joseph porque saiu com Kevin?
—Não tive chance. Ele está me evitando, e acho que está
arrependido. Joseph ficou maluco quando descobriu sobre o casamento, e eu
pensei que nunca mais fosse falar comigo. Depois, quando eu concordei com a
anulação e dei entrada no pedido, ele voltou à fazenda e disse que não ia
assinar os papéis. Não sei mais o que ele quer, mas acho que está sentindo
falta de Ashley. Deve estar furioso por estar ligado a mim por um casamento que
não queria.
—Talvez esteja com ciúmes. Já pensou nisso?
— Que absurdo! Joe nunca me quis... como esposa, quero dizer... —
e desviou o rosto vermelho, envergonhada com as lembranças — Além do mais, ele
não tem motivos para ter ciúmes de Kevin. Eu sempre quis ter um irmão!
—E Kevin é o tipo de homem que lembra um ursinho de pelúcia,
certo?
— Bem... sim.
— Pois esse urso tem garras afiadas e um temperamento
terrível. Felizmente gosta de você, mas Taylor raramente vinha nos visitar por
causa dele. Kevin a odiava, e não fazia o menor esforço para esconder o que
sentia.
— Mas ele é tão amável!
— Espere mais um pouco para formar opiniões a seu respeito,
ou vai acabar decepcionada quando Kevin atirar alguém por cima da cerca.
— Kevin?
— Um dos novos empregados procurou briga com um peão mais
antigo, e ele ouviu as provocações. Atirou o coitado por cima da cerca e depois
esmurrou-o, e a última vez que vimos o sujeito ele ainda estava assustado,
tentando fugir do patrão.
Demetria começava a ter uma vaga idéia de como eram os
homens da família Jonas.
— Meu Deus — sussurrou. — E eu pensando que você fosse
terrível!
— Oh, eu não sou pior nem melhor que Kevin e seu marido.
— E Frankie?
— Frankie costumava pôr pimenta nos biscoitos que comia, e
pode desmaiar um homem duas vezes maior que ele quando fica nervoso.
— Não sei se quero ser parente de um bando de selvagens —
ela disse, tentando brincar para esconder o nervoso.
—Quando nos conhecer melhor, vai ver que não é tão ruim
quanto parece. Uma mulher capaz de domar Joseph deve ser tão forte quanto nós
ou Maddie, a esposa de Frankie.
Ela riu:
— Mal posso esperar para conhecê-los.
— Infelizmente eles vão ficar fora pelas próximas duas
semanas. Quem sabe outra vez? — Quem sabe? — concordou, olhando para a porta. —
Acho melhor entrar e procurar meu marido.
—Um passo sensato na direção correta. Boa noite, Demi.
— Boa noite, Nick — respondeu, vendo-o descer os degraus da
varanda e entrar no carro. Demetria entrou, disse boa noite a todos e subiu,
imaginando se conseguiria reunir coragem para seduzir o próprio marido.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ooi pessoas. Me desculpem por estar demorando pra postar é que... ta meio corrido pra mim, ainda tenho que terminar a minha mala, porque vou viajar amanhã e vou ficar quase duas semanas fora, tipo... OMG! Vou conhecer a Demi *o*, mas amanhã eu posto o último capítulo pra vocês. :)
Ah! E logo depois eu começo a postar outra história, só ainda não decidi qual daquelas duas que falei pra vocês eu vou postar. Então por favor me digam as suas opiniões.
Stay Strong!
XOXO
Bia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Hey.
Deixe seu cometário. Faz bem ao coração da escritora.
Ah! E se for criticar, lembre-se, apenas críticas construtivas.
Thank's.